Que o amanhã seja doce
Resenha Um Brasileiro em Berlim de João Ubaldo
Ribeiro
Por Flavia Wass jornalista
Por Flavia Wass jornalista
“Ele não sabe o que quer dizer
amanhã...”, desta forma João Ubaldo Ribeiro simplifica o que significa ser um
“estranho” em outra terra, ou seja, ficamos diferentes e nos sentimos
esquisitos longe daquela terra em que nascemos e ilusão ou não, temos a
esperança de saber onde estamos pisando. Começa demonstrando isso, por exemplo,
irritando-se com a quantidade “exasperante” de preposições na língua alemã ou
ao menos, no Brasil estas passam desapercebidas ou despercebidas? Vejam como no
português essas duas palavras que parecem ser sinônimos não o são: a primeira é
desprovida e a segunda distraída! E o modo de um e outro País encarar a vida?
Como podem os alemães ter tanta certeza de tudo, enquanto os brasileiros não
sabem o que farão na próxima meia-hora? Talvez seja aquela facilidade
filosófica continua João Ubaldo sua reflexão, tudo se resumir nisso, o “devenir” humano e a tal “imanência do
ser”, que aquele povo gosta de intelectualizar “mentindo” a respeito das
leituras universitárias. Batalhas à parte, seu conselho e recado fica bem
claro: When in Roma do as the Romans do e
avança dizendo ser uma atitude que cabe para todas as línguas. Respeito à
cultura alheia! A verdadeira empatia de tentar colocar-se no lugar do outro, no
corpo do outro e ler a mente desse outro que não sou exclusivamente “Eu”. Seguro
em terra firme e no aconchego do “meu” conforto. O que é “amanhã” em português está longe de ser o “amanhã” berlinense,
italiano, africano, americano, coreano, libanês, palestinense israelense,
português, mexicano, angolano onde seja a Cochinchina
escolhida para ser ou estar. Pois, no Brasil este amanhã pode nunca chegar ou
vir a acontecer por que estamos muito ocupados vivendo o hoje. E como questiona
Ubaldo: - Como alguém pode marcar alguma coisa com tanta precisão e
antecedência, esses alemães são uns loucos. E aí que quem viaja ou viajou e
ficou por um tempo grande em outra cultura sente sempre e ininterruptamente, aquela
“saudades” do Brasil, dois contextos intraduzíveis (Brasil e saudades) em
qualquer outra língua.
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